Egresso do Mestrado em Estudos da Linguagem publica livro como Prêmio por dissertação defendida
Fábio Tibúrcio Gonçalves, Mestre em Estudos da Linguagem pelo PPGEL, recebeu Prêmio pela sua dissertação defendida em 2014 que, transformada em livro, foi publicada pela Coleção Expressão Acadêmica, da Editora da UFG.
O egresso do Mestrado em Estudos da Linguagem, Ms. Fábio Tibúrcio Gonçalves teve sua dissertação selecionada no Concurso de Teses e Dissertações da UFG. Transformada em livro, a dissertação orientada pela Profa. Dra. Maria Imaculada Cavalcante, foi publicada pela Coleção Expressão Acadêmica.
O evento de lançamento dos livros de 2016 publicados pela Editora UFG acontecerá no dia 16 de dezembro de 2016, às 15:30 h, no Centro Editorial e Gráfico - CEGRAF/ UFG.
Arquitetura de ruínas: delírio e devaneio na construção do espaço trágico em Lavoura Arcaica (Fábio Tibúrcio Gonçalves)
Sobre o livro:
A fruição estética de uma obra de arte, em especial a literária, compreende também o exercício de sua interpretação. O esforço compreendido e empreendido no ato hermenêutico não seria possível sem o prazer de revisitar o objeto cortejado e, fazendo dele um terreno mais íntimo, explorá-lo naquilo que se apresenta como um território desconhecido, apaixonante e desafiador. Tratando-se do livro Lavoura Arcaica, de autoria de Raduan Nassar e seu filme homônimo, produzido pelo cineasta Luiz Fernando Carvalho, o gozo é incontido quando o recorte feito compreende a investigação do espaço literário e do espaço fílmico como elementos diegéticos das narrativas literária e cinematográfica. Partindo-se dessa delimitação do tema, é que o autor do presente livro traça um estudo a respeito da construção dos espaços que estruturam tanto o enredo romanesco, quanto a narrativa fílmica. Mais do que a simples delimitação física e descritiva dos espaços delineados na obra literária, o autor dá ênfase ao processo de construção do sensível desses locais, cujas divisas são demarcadas por um torvelinho de afetividades que sopram para além do interior da casa e seu entorno, lugares onde boa parte do romance é ambientado. Cômodos sinestésicos, arquitetados em memória e afetividade, emergem como espaços metafísicos para o repositório de uma gama de sentimentos que darão corpo a uma narrativa trágica que culminará no esfacelamento de uma família alicerçada numa tradição já corroída pela voracidade do tempo. A fenomenologia de Gaston Bachelard surge como sustentação teórica desses espaços envoltos de um sensível, cuja carga poética pode ser percebida no curso de todo o discurso literário, lapidado a cada palavra. Dessa perspectiva despontam-se os espaços da infância, reconstruídos de um lirismo morno e ingênuo que tenta ser resgatado pelo protagonista em sua fase adulta, período de aridez existencial e intensos conflitos familiares. De igual modo, porém agora sob o domínio da imagem, denota-se aquele mesmo sensível na construção dos espaços que surgem no decorrer do filme, fruto do intenso fluxo de memória do narrador que labora na edificação de ambientes que vão além da fisicalidade cenográfica. Nesse particular, o autor do livro evidencia o diálogo que existe entre a reconstrução do espaço cinematográfico com o movimento expressionista deflagrado na pintura, no final do século XIX, na medida em que o passado do narrador é redimensionado para um locus, circundado de um constante jogo de luz e sombra, distorções e apagamentos da/na imagem, conferindo à obra um tom marcadamente trágico, sem que isso prejudique ou extirpe seu lirismo amalgamado no entalhe da prosa poética. Daí o título “arquitetura de ruínas”, porque o espaço em Lavoura arcaica é essencialmente trágico, pois trágico é seu herói, cuja memória e identidade também são objetos de análise sob o viés dessa tragicidade. Surgem assim as “ruínas” como metáforas imprescindíveis à compreensão da estética em ambas as obras, livro e filme, pois do trágico resultam-se todos aqueles escombros pessoais do narrador, cujo processo de desconstrução tem início a partir de seus delírios e devaneios, sem os quais o contexto fílmico e a trama literária se esvaziariam de todo o seu conteúdo interpretativo, relegando a obra para os estreitos limites de uma leitura estéril e mecânica.
[Foto: Vanila Costa Fotografia]
Fonte: Mestrado em Estudos da Linguagem